Com previsão de captar R$ 100 milhões, CapTable espera 'boom' no crowdfunding

A CapTable, plataforma de equity-crowdfunding da StartSe, está otimista para 2021. Espera captar R$ 100 milhões para 40 startups até o fim deste ano, volume que será impulsionado por alguns mandatos que a fintech está fechando, incluindo participação de family offices, fundos de Corporate Venture, venture debt, além de grupos de investidores-anjos.

Entre fevereiro e março, devem ser abertas cinco ofertas na plataforma. “Algumas dessas operações provavelmente vão ser negociações mais privadas, outras serão mistas e várias 100% crowdfunding pulverizado”, aponta Paulo Deitos Filho, CEO da CapTable, em entrevista exclusiva à Finsiders.

Paulo Deitos, cofundador e CEO da CapTable (Crédito: Carlos Macedo/Divulgação)

O empreendedor — que atua em crowdfunding desde 2013 e fundou a Urbe.me (crowdfunding imobiliário) — espera um novo “boom” para esse mercado em 2021, algo maior do que o observado assim que saiu a regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 2017. O relatório mais recente da autarquia, referente a 2019, aponta que R$ 59 milhões foram captados naquele ano por 6.720 investidores para um total de 60 startups. O volume levantado pelas empresas foi 28% superior em relação a 2018 e o mais alto desde que a Instrução CVM 588 entrou em vigor.

Houve, ainda, uma evolução acelerada nos últimos anos no número de plataformas eletrônicas de crowdfunding, principalmente com a criação de negócios de nicho, como crowdfunding imobiliário (Glebba e Inco), ativos alternativos (Balko, Bloxs e Hurst), além das mais tradicionais, em que startups levantam recursos, como a própria CapTable, além de EqSeed, SMU Investimentos e a pioneira Kria (antiga Broota). Entre 2018 e 2020, a quantidade de plataformas mais do que dobrou, de 16 para 32, conforme a CVM.

A CapTable está em operação desde julho de 2019, e fez 15 rodadas de captação, que somaram R$ 14,2 milhões. A maior parte (11) delas ocorreu no ano passado, movimentando R$ 11 milhões para startups como as fintechs  Alterbank, Wuzu e Livima. Também no ano passado, a plataforma registrou a operação mais rápida, em que a Serall (da indústria 4.0) conseguiu arrecadar R$ 1,3 milhão em apenas 11 horas, numa oferta que teve o banco de fomento Badesul como âncora, conforme noticiou a Finsiders.

Segundo Deitos, entre as verticais que tendem a concentrar as captações neste ano estão fintechs, agtechs e healthtechs. “Fintech tem inúmeras possibilidades que antes a galera não conseguia enxergar. Agro, naturalmente pelo perfil brasileiro. E health, porque a pandemia acelerou várias coisas na medicina.”

Outro aspecto observado, principalmente do último ano para cá, é o aumento no tamanho das rodadas, com ofertas que chegam a R$ 4 milhões ou R$ 5 milhões. Para Deitos, isso é fruto do natural amadurecimento do mercado, do maior apetite dos investidores (que buscam diversificar portfólio) e também pela mudança na regulamentação, cuja audiência pública deve ser concluída pela CVM neste ano.

“Tenho dito há algum tempo que o crowdfunding deve ser a porta de entrada para o mercado de capitais. Já temos startups indo para a bolsa, mas tem um monte de startup que não tem esse porte. Já começa a ser uma preparação para essas startups se posicionarem para o mercado de capitais.”

O avanço do segmento também está relacionado ao próprio amadurecimento do ecossistema de startups, sem contar os ‘exits’, que acabam gerando mais confiança para empreendedores e investidores. Deitos lembra que, de todas as captações feitas na CapTable, 15 startups levantaram o capital com sucesso, uma (4.events) está com a oferta aberta, e uma não conseguiu captar. No total, a plataforma já analisou mais de 500 negócios.