Com plano de originar R$ 200 milhões este ano, Grupo H estuda novos produtos

O crédito consignado privado virou a menina dos olhos para diversas fintechs. Também pudera: essa modalidade tinha, em janeiro de 2021, saldo de menos de R$ 25 bilhões, o que representa pouco mais de 5% dos R$ 442,8 bilhões do consignado como um todo, que é puxado pelo crédito para funcionários públicos e beneficiários do INSS, conforme os dados mais recentes do Banco Central (BC). Quem está mirando uma fatia desse bolo do consignado privado é o Grupo H.

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Fundada em 2005 como H3R Soluções Financeiras, atuando como correspondente bancário, a empresa começou no mercado de consignado para aposentados e pensionistas do INSS, e mudou de nome em 2019. Mas antes, o negócio passou a ser liderado por Fernando Ferraz, um executivo egresso do Unibanco AIG Seguros, que comprou a H3R dos antigos sócios e decidiu pivotar o business para ser uma empresa com foco em crédito consignado privado.

Em 2018, a empresa abriu um fundo de direitos creditórios (FIDC) próprio, o FIDC NeoCred, que passou a funcionar como funding das operações. No ano passado, a H3R se tornou Grupo H, atuando com soluções financeiras para profissionais de empresas privadas — o crédito, por óbvio, é o principal produto. Mas o plano não é ficar apenas no consignado.

“Tem gente que linha para financiar carro, imóvel. Até para financiar pet e fazer consórcios. Estamos analisando várias linhas, com base no big data e BI que os dados dos clientes nos geram.”

Em seu site, o Grupo H já relaciona pelo menos duas novas soluções: conta digital e investimentos, mas ainda sem maiores informações. Questionado pela Finsiders, Ferraz diz que a empresa já tem uma plataforma de agentes autônomos, que atua em parceria com a Órama Investimentos. “Nos relatórios que fazemos, notamos muita gente interessada em investir. As pessoas têm muitas dúvidas. Estamos na parte da comunicação, de como levar investimentos para um público que não investe, mas tem desejo de investir.”

Com uma carteira de cerca de R$ 130 milhões, a fintech já emprestou mais de R$ 500 milhões e persegue o primeiro bilhão desde que fez sua mudança de marca. A empresa, assim como todos nós, só não contava com uma pandemia no meio do caminho. A crise do covid-19 fez o Grupo H, assim como outras fintechs, segurar a torneira do crédito em 2020, conta Fernando Ferraz, CEO da empresa. Para 2021, o plano é originar R$ 200 milhões.

A inadimplência, que estava na casa de 2%, saltou para 8%, mas agora a fintech vem conseguindo reduzir o índice com um trabalho intenso na área de cobrança. “O maior risco do produto está na originação”, diz Ferraz. Uma das ações foi fortalecer o contato com os RHs dos clientes, assim como apoiar os funcionários das empresas conveniadas com ações de educação financeira.

“No final do ano passado, incluímos seguro prestamista com cobertura por desemprego, em parceria com a Liberty Seguros.”

Ferraz diz que o Grupo H não quer originar por originar o crédito, mas sim impactar vidas. Tanto é que a taxa de juros varia conforme o que ele chama de propósito produtivo dos tomadores do crédito. Ou seja, pessoas que acessam a linha para sanar dívidas mais caras ou resolver problemas de saúde e questões emergenciais tendem a pagar mais barato pelo empréstimo. Da mesma forma, se o dinheiro é usado para consumo, o juro é mais alto. As taxas vão de 1,8% a 3,5% ao mês.

“O segredo do produto é originar direito o crédito. Entender o problema da pessoa para criar uma trajetória que a leve a tomar o crédito”, diz o empreendedor. Relatórios feitos pela fintech para as empresas clientes mostram aos RHs como está o endividamento dos funcionários. “O maior diferencial é o retorno que damos para os investidores do fundo, e o resultado para o RH das empresas. Que claramente reduz rotatividade das empresas.”

Atualmente, o Grupo H tem uma carteira com mais de 200 empresas conveniadas que, juntas, somam cerca de 350 mil profissionais. São companhias de diferentes portes, desde negócios menores com 150 colaboradores até grandes empresas, com 45 mil pessoas.

A fintech não está sozinha na disputa por um pedaço do consignado privado. Alguns dos competidores são ZetraPaketá CréditoCreditas Facio. Em novembro de 2020, a Neon comprou a Consiga+, numa operação que marcou sua entrada também nesse segmento. A Zipdin, que recebeu licença de SCD em 2020, também avança numa solução de consignado ‘as a service’.