Vórtx faz aporte na Investtools e assume cadeira no board

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Lembra que contamos há algumas semanas que a Investtools, que tem um software de gestão e controle do fluxo de investimentos das gestoras, estava negociando um investimento estratégico? Pois bem, está anunciando o deal nesta quinta-feira (22). A Vórtx, fintech de infraestrutura para o mercado financeiro, acaba de assinar um cheque para a Investtools.

O valor da operação não foi revelado, mas o acordo prevê que a fintech passe a deter uma participação minoritária no negócio, podendo chegar a até 25% do equity da startup carioca. A Vórtx também assume uma cadeira no board.

As empresas buscam consolidar a indústria de fundos líquidos e estruturados. No Brasil, esses mercados representam mais de R$ 8 trilhões de patrimônio, conforme dados da Anbima. Pela parceria, a Vórtx vai ingressar com mais força no mercado de fundos líquidos, enquanto a Investttols vai avançar em produtos estruturados. Além disso, os recursos permitirão à Investtools acelerar sua recente entrada em fundos de previdência privada.

Hoje, a Vórtx tem mais de R$ 300 bilhões em ativos sub custódia em sua carteira, volume que cresceu recentemente com a compra do controle da Simplific Pavarini, que atua com prestação de serviços fiduciários desde 1994 em emissões de dívidas, CRI, CRA e outras funcionalidades com foco em ‘corporate trust’. A Investtools, por sua vez, atende mais de 40 assets que, juntas, totalizam R$ 122 bilhões de asset under management (AuM).

“Mapeamos no mercado as plataformas mais inteligentes e tecnológicas, e conhecemos a Investtools, que tem o mesmo DNA da Vórtx. São negócios complementares. Vamos começar a oferecer na plataforma de administração fiduciária features de gestão, com as soluções da Investtools”, explica ao Finsiders Juliano Cornacchia, CEO e cofundador da Vórtx.

O aporte vinha sendo discutido desde o ano passado, ao mesmo tempo em que a fintech negociava a captação da Série B — anunciada em 23 de março — e a aquisição da Pavarini, divulgada na semana seguinte. O deal com a Investtools foi o quarto investimento feito pela Vórtx nos últimos três anos, sendo o terceiro em empresas de tecnologia.

No início de março, a fintech acompanhou uma rodada seed na Parfin, plataforma que busca conectar clientes institucionais a criptoativos, fundada por Marcos Viriato, ex-sócio do BTG Pactual. Em 2019, já havia adquirido Vorasys/BCInf, de soluções para o mercado financeiro. “A gente vem numa descontrução do modelo atual de prestação de serviços para mercado de capitais, e agora mais especificamente para fundos”, diz Cornacchia.

Integração

As soluções da Investtools para gestoras, especialmente o software para para controle do fluxo operacional de gestoras de fundos de investimento, serão plugadas à plataforma Vórtx One. A integração deve ocorrer nos próximos seis meses, conta ao Finsiders David Gibbin, CEO da Investtools. “A ideia é que nesse prazo as soluções estejam disponíveis para gestores, que são clientes da Vórtx.”

O acordo não significa que a investtools vá abandonar seu projeto de ser uma venture builder, conforme noticiado pelo Finsiders. “A Vórtx para alavancar nosso crescimento. Toda a expertise em blockchain e como venture builder, vamos continuar crescendo. Todo esse processo de olhar empresas no estágio seed, inclusive, pode ser um caminho para a Vórtx identificar possíveis parcerias”, observa Gibbin.

Segundo Cornacchia, o investimento inaugura um novo ecossistema integrado, em um modelo de negócio semelhante ao da Amazon Web Service (AWS) para o mercado de capitais, em que todos os serviços necessários à operação são oferecidos em um só ambiente. “Hoje, a lógica é o gestor ter os próprios sistemas, o administrador tem os seus. Se é analógico, manda por Excel. Estamos construindo uma AWS, fazendo uma plataforma ‘one-stop-shop’ para o gestor”, explica o empreendedor.

“Nossa ideia é chegar num momento em que gestor não precise contratar outro sistema. Imaginamos ter ERP, em algum momento do futuro. Quando gestor quiser montar a asset dele, não precisa contratar nada. Estamos trazendo uma série de features para gerar esse ecossistema.”

Essa visão vai ganhar corpo com novas aquisições que a Vórtx deve fazer este ano. Em entrevista ao Finsiders, Cornacchia afirmou ter outros dois ‘buy side’ para o segundo semestre. No alvo da fintech estão concorrentes diretos e empresas de tecnologia, que produzem softwares correlatos ao business da Vórtx, disse o empreendedor.

Evolução

Fundada em 2015, a Vórtx é ideia de Cornacchia e seu sócio Alexandre Assolini, ambos advogados com experiência de mais duas décadas em operações estruturadas. Enquanto alguns players fazem ou administração de fundos ou clearing das operações, por exemplo, a Vórtx busca conectar todas as pontas, usando inteligência de dados. A fintech chegou para concorrer com nomes tradicionais, como Oliveira Trust, Pentágono e BRL Trust.

A fintech só não atua com estruturação, distribuição ou gestão dos produtos, como jeito de manter a independência no setor. Ou seja, não compete com assets e bancos, mas é parceiro das instituições, oferecendo serviços de administração, custódia e liquidação para fundos e emissões de dívida, como CRI, CRA e debêntures.

Sem abrir o faturamento, o empreendedor conta que o negócio cresceu 70% em 2020, em relação ao ano anterior. Para 2021, a expectativa é mais do que dobrar a receita.

A Investtools, por sua vez, iniciou sua trajetória entre 2007 e 2008 como uma unidade de negócio da Ideais Tecnologia, adquirida em 2013 pela B2W, dona da Americanas. Em 2014, a empresa fez spin-off e foi praticamente “refundada”, como diz o atual CEO, David Gibbin, que chegou à operação em 2015, antes de passar pela área de tecnologia do Itaú e do Banco do Brasil (BB).

Criada em 2007 com foco em corretoras, a empresa se especializou nos últimos anos em soluções para assets. Hoje, atende mais de 40 gestoras e vem avançando também em fundos de pensão. Nesse setor, inclusive, a fintech revelou recentemente ao Finsiders que deverá anunciar em breve uma prova de conceito (PoC) com uma entidade de previdência complementar fechada.

Leia outras notícias de aportes e operações de M&A aqui.

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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