Manda pro Financeiro recebe cheque de R$ 400 mil de anjos

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A gestão financeira é um desafio para todo micro e pequeno negócio. É essa dor que a Manda pro Financeiro (de nome bem intuitivo, diga-se de passagem) se pretende a resolver. Com uma combinação de serviços e software, a startup aposta em uma solução que faz as vezes de um departamento financeiro para negócios de micro e pequeno porte.

Este ano, o plano é adicionar o serviço de contabilidade online na plataforma, assim como adotar uma solução de banking as a service (BaaS) do mercado. O combustível para fazer isso chegou este mês.

A startup acaba de receber um cheque de R$ 400 mil, em round liderado pela investidora-anjo Angélica Nkyn, ex-executiva da Accenture e membro de conselho de startups. Colideraram com ela outros dois anjos (Alexandre Rocha e um executivo de alto escalão de uma empresa do agronegócio, que preferiu não revelar o nome).

A rodada foi totalmente fechada com membros da Anjos do Brasil. O valuation (post-money) é de R$ 4 milhões, diz ao Finsiders José Guilherme Cardoso Correa (Zé Guilherme, como prefere ser chamado), fundador do Manda pro Financeiro.

“O Manda cura uma das grandes dores do micro e pequeno empresário, que é gestão financeira do negócio. A plataforma deles traz o benefício de ter gestão do caixa e DRE atualizados, projetado e realizado. Tem número de clientes considerável e recorrência. É uma boa solução, que deve atingir maturidade”, afirma com exclusividade ao Finsiders Angélica, que liderou o aporte.

O aporte é o primeiro recebido pela empresa, que até então tinha sido bancada com recursos próprios de Zé Guilherme e seu sócio, Dhan Sugui. Juntos, para construir a solução, os empreendedores já investiram cerca de R$ 150 mil.

A dupla conhece a realidade de gestão financeira empresarial — em 2014, montaram a Alta Média, consultoria de gestão financeira para empresas de médio e grande porte, em Vitória (ES).

“O Manda nasceu em abril de 2019 porque começamos a ver, em muitos dos clientes, que micro e pequenas empresas que prestavam serviços para essas empresas maiores tinham problema em fazer o financeiro. Empreendedor precisa jogar nas 11 posições do campo: financeiro, produto, logística etc. E acaba deixando de lado o financeiro. Não tem controle do que tem a receber, nem do fluxo de caixa.”

Os empreendedores ficaram de abril de 2019 a junho de 2020 desenhando o produto. No ano passado, a startup foi para a rua, com o mote de “criar o setor financeiro” das micro e pequenas empresas. “Basicamente, as ordens de contas a pagar e contas a receber são enviadas pelo WhatsApp e vamos recebendo todos os e-mails do financeiro. O empresário só precisa aprovar as operações. E é bem humanizado, o empresário não vai falar com a máquina”, explica Zé Guilherme.

Hoje, o Manda pro Financeiro atende 60 clientes, em 10 Estados brasileiros. O foco são empresas do setor de serviços, que faturam entre R$ 20 mil/mês até R$ 300 mil/mês — 80% dos clientes atuais faturam até R$ 100 mil mensais. São oferecidos dois planos: um que cobra R$ 350 por mês e é voltado para microempreendedores; e os pacotes adicionais de 50 lançamentos custam R$ 150,00 por mês.

Com R$ 20 mil de faturamento mensal, o objetivo da startup é chegar ao fim de 2021 com receita mensal recorrente de R$ 100 mil e crescer em mais de quatro vezes a base de clientes, para 250 empresas. “Para 2022, a expectativa é superar 1 mil clientes”, prevê o empreendedor.

Com o aporte da Anjos do Brasil, a startup vai contratar uma plataforma de banking as a service (BaaS) para poder oferecer novos produtos e serviços financeiros aos clientes. Zé Guilherme diz que já está conversando com alguns players de BaaS. Outro plano para este ano é incluir serviço de contabilidade online dentro da plataforma.

“Quando olhamos para dezembro de 2022, vemos algumas portas, por exemplo, trazer outras fintechs e soluções para os clientes. Automatizar ainda mais back office, por exemplo, trazer um parceiro de folha de pagamento. Ou seguros para apoiar clientes. O sonho é que o cliente se importe só com ‘core busines’, e não se procupe com ‘back office’.”

Isso envolve não apenas automatizar a área financeira das empresas, mas também fornecer uma plataforma de inteligência, com dados e indicadores atualizados sobre a situação financeira dos negócios. “Aos poucos, vamos trazer pesquisas para saber se a micro e pequena empresa está gastando muito em determinada despesa, com benchmarks para poder comparar.”

O Manda pro Financeiro não é a única startup que vem tentando resolver a dor de gestão financeira dos micro e pequenos negócios. Um dos competidores diretos é a paranaense Celero, que mais do que dobrou a base de clientes em 2020 e manteve o ritmo de crescimento na ordem de 15% ao mês. Aos poucos, quer começar a atender empresas menores em sua plataforma de departamento financeiro online, informou em fevereiro o founder e CEO, João Henrique Tosin, ao Finsiders.

Nessa seara, o Manda também concorre indiretamente com escritórios de contabilidade que têm braços de BPO financeiro e acabam se plugando a plataformas como Omie, Conta Azul, entre outros.

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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