Fintechzação em alta... Méliuz compra Acesso e Ame adquire Nexoos

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Ontem mesmo escrevi uma matéria especial sobre o avanço do banking as a service (BaaS), seguindo a tendência global de “embedded finance”. O assunto é tão quente que a semana já começa com duas notícias. A Méliuz acaba de comprar 100% da Acesso Soluções de Pagamento por R$ 324,5 milhões. E a Ame Digital, fintech da Americanas e da B2W, anunciou a aquisição da Nexoos, plataforma de P2P lending, segundo notícia antecipada pelo Brazil Journal, no domingo à noite.

A Méliuz, plataforma de cashback que fez seu IPO no fim do ano passado, comunicou agora pela manhã a compra de 100% da Acesso Soluções de Pagamento por R$ 324,5 milhões, numa transação que envolve troca de ações. A fintech, que nasceu como emissora de cartão pré-pago, lançou sua operação de banking as a service (BaaS), o Bankly, no primeiro semestre do ano passado.

A plataforma atende, principalmente, varejistas, companhias de software, adquirentes, subadquirentes, empresas de educação, entre outros segmentos, conforme me disse Davi Holanda, CEO da Acesso, em entrevista recente. A Acesso tem licenças de instituição de pagamentos (IP) e conta de liquidação, o que faz com que ela integre o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Também está no Pix como participante direto. Tudo o que a Méliuz precisa para consolidar sua estratégia de serviços financeiros.

Em abril, a plataforma do Bankly atingiu R$ 3 bilhões em volume total processado (TPV, na sigla em inglês) no mês. No total, a empresa tem mais de 130 clientes. A receita bruta no ano passado foi de R$ 53,6 milhões, diz o fato relevante divulgado pela Méliuz. Já a equipe da Acesso tem 178 pessoas ao todo.

Com a transação, a marca Acesso deixará de existir, e a Acessopar passará a ser uma subsidiária integral do Méliuz, enquanto os acioinistas da Acessopar na data do fechamento da operação também se tornarão acionistas de longo prazo do Méliuz. Davi Holanda, hoje CEO da Acesso, será o diretor da nova vertical de serviços financeiros da Méliuz.

A companhia de cashback vem avançando em serviços financeiros e agora fecha sua estratégia, com a compra da Acesso. Na prática, poderá oferecer uma conta digital aos seus 16 milhões de usuários, assim como outros produtos e serviços, entre eles, seguros e investimentos — esses dois, inclusive, já estavam nos planos da Acesso para 2021, conforme me antecipou Davi Holanda, em entrevista recente para matéria do Valor.

Em abril, o Méliuz lançou sua plataforma de empréstimos, ampliando o leque financeiro, que já tinha desde 2019 um cartão de crédito sem anuidade e com cashback.

Ame + Nexoos

A Ame Digital, fintech e plataforma mobile de negócios da Americanas e da B2W, comprou a Nexoos, plataforma P2P lending, que conecta pequenas e médias empresas (PME) a investidores. O valor da transação não foi revelado. Com a operação, a Ame passa a contar com a plataforma de credit as a service (CaaS), lançada no ano passado pela Nexoos.

A fintech, que opera como Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP), já originou mais de R$ 500 milhões em empréstimos desde que foi fundada, há cinco anos. Somente em 2020, a Nexoos transacionou mais de R$ 200 milhões, com empréstimos que variam de R$ 15 mil a R$ 500 mil, prazo de até 24 meses e juros a partir de 1,14% ao mês.

A Nexoos é a terceira aquisição feita pela Ame para construção do seu motor de crédito. Em dezembro último, a fintech da B2W comprou a plataforma de open banking Bit Capital e a Parati Capital, que atua com BaaS. A aquisição da Nexoos depende de aprovação do Banco Central (BC).

Vale lembrar que, na semana passada, a Via comprou a fintech Celer, que também tem solução de BaaS. Em abril, o Cade liberou a aquisição da Hub Fintech pelo Magalu. O banking as a service (BaaS) está aquecido mundo afora, e no Brasil não é diferente. O crescimento desse modelo de negócio segue a tendência global de “embedded finance”, tendo como pano de fundo o open banking e sua evolução, o open finance.

Leia mais:

Tendências | O fantástico mundo de banking as a service (BaaS)

Crescem as plataformas de infraestrutura para serviços financeiros

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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