Omie compra Linker por R$ 120 milhões e amplia serviços financeiros

Omie compra LInker
Omie (Reprodução/Facebook)

A Omie, plataforma SaaS de ERP na nuvem, acaba de anunciar a compra de 100% do banco digital Linker, especializado em pequenas e médias empresas (PME). A transação foi avaliada em R$ 120 milhões, incluindo um conjunto de ações da Omie.

A aquisição — a terceira da Omie em menos de três meses — reforça a estratégia da empresa fundada por Marcelo Lombardo em levar sistema de gestão para PMEs, incluindo serviços e produtos financeiros.

Além de integrar as soluções das duas empresas para ter uma oferta, a Omie vai também expandir a base de clientes do Linker — hoje, um contingente de 30 mil de PJs — que serão posteriormente potenciais clientes para o ERP da Omie. A equipe da fintech será incorporada à Omie, que tem mais de 1.280 funcionários diretos e indiretos.

Em comunicado à imprensa, divulgado há pouco para alguns veículos de comunicação, a companhia diz que a construção desse ecossistema, além de ampliar o mercado endereçável da Omie, deve permitir uma maior fidelização dos clientes e o avanço em sua cadeia de valor. Em outras palavras, pode ajudar no tal do lifetime value (LTV) do cliente, gerando maior engajamento da base com os serviços.

“Sempre acreditamos que serviços financeiros e software de gestão estão em uma trajetória de convergência, e que ‘o ERP é o novo internet banking’. Entretanto, muitas empresas podem começar a sua jornada apenas por serviços financeiros, podendo evoluir para usar o software de gestão conforme aumentam a sua maturidade nos negócios”, afirmou Marcelo Lombardo, cofundador e CEO da Omie, no comunicado.

Fundado em 2019 por David Mourão (ex-Itaú e Vinci Partners), Ingrid Barth (ex-JP Morgan e Neon) e Daniel Benevides (ex-Neon), o Linker oferece serviços financeiros e soluções bancárias, como conta digital, cartão de crédito e gestão de cobranças para mais de 30 mil PMEs, além de ter parceria com mais de 100 escritórios de contabilidade.

Entre julho do ano passado e junho de 2021, o volume transacionado na plataforma do Linker aumentou 15x. No segundo trimestre, a movimentação foi 70% superior ao trimestre anterior. Já o volume transacionado no cartão de crédito aumentou 4x este ano, enquanto a função de pagamentos de conta cresceu 70% desde janeiro.

“Juntos iremos liderar a transformação da indústria e faremos desaparecer as barreiras entre serviços financeiros e softwares de gestão para que o empreendedor invista seu tempo no que realmente importa: o sucesso do seu negócio”, disse David Mourão, cofundador e CEO do Linker.

A fintech tinha feito a primeira rodada, um seed money de R$ 12 milhões, em dezembro do ano passado, conforme revelou com exclusividade o Finsiders. No captable, estavam Darwin Capital (que já investiu na Zoop); Marcelo Sampaio, fundador da Hashdex; Roberto Nishikawa, ex-Itaú Unibanco, além de alguns anjos e family offices.

A Omie, por sua vez, já levantou pouco mais de R$ 690 milhões desde a fundação, em 2013. O último cheque foi feito pela Tencent, no fim de outubro, e não teve valor revelado.

Em agosto, o SoftBank liderou uma Série C de R$ 580 milhões na empresa, acompanhada pela Riverwood e por gestoras como Dynamo, VELT, Hix Capital, Bogari Capital e Brasil Capital, além da Endeavor Catalyst. A Astella, que liderou a Série A em 2018, também integra o captable.

Com sua solução que combina software de gestão empresarial, educação empreendedora e serviços financeiros, a Omie deve fechar o ano próximo a 100 mil clientes.

Recentemente, a empresa divulgou dois M&As com a aquisição da Devi Tecnologia, empresa de software para varejo, e da G-Click, ferramenta na nuvem para gestão de processos para escritórios de contabilidade. Anteriormente, em novembro de 2020, a Omie já havia adquirido a Mintegra, solução que integra marketplaces e plataformas de e-commerce a sistemas de gestão.

A Omie tem, ainda, uma parceria com o Itaú Unibanco para oferecer as soluções da scale-up a uma base de 1,5 milhão de clientes PJ do banco, em formato co-branded.

Mercado em polvorosa

A aposta da companhia ocorre num momento de extremo aquecimento do segmento de PJs, especialmente PMEs, entre fintechs e bancos digitais. A fila inclui nomes como BTG+Business — cuja carteira no segmento atingiu R$ 14,3 bilhões no terceiro trimestre –, Original, Inter, Nubank e BS2 — que trouxe o CEO da Rede como novo presidente, o ex-CFO da Cielo para o conselho, e ainda comprou a fintech de antecipação de recebíveis Weel.

A Cora, dos ex-Moip Igor Senra e Leonardo Mendes, engrossa a lista. No fim de agosto, a fintech recebeu um investimento de US$ 116 milhões na terceira captação em menos de dois anos. Com projeção de ultrapassar 380 mil clientes até o fim de 2021, a empresa tem como meta superar 1 milhão em 2022. Hoje, a base tem quase 200 mil clientes.

Já a Conta Simples, que levantou em junho uma extensão do seed money de US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 14 milhões na época) da YCombinator, agora vem se posicionando como uma fintech que reúne, numa plataforma, software de gestão (olha só!) e conta corrente.

Importante lembrar, ainda, das fintechs de crédito ‘puras’ que atendem desde MEI até pequenas e médias empresas. Algumas delas, como a BizCapital, têm ampliado a oferta com outras soluções financeiras.

A estratégia de combinar ERP com serviços financeiros não é algo novo, inventado pela Omie. A Totvs tem sua operação chamada ‘techfin’, comprou a fintech Supplier em 2019 e tem acordos com fintechs como a Shipay. A Linx, você sabe, é da Stone desde o fim do ano passado.

(Colaborou Giovanni Porfírio)

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