Warren faz terceira aquisição após rodada Série C

A plataforma de investimentos Warren começou o ano dando sequência às suas aquisições. A fintech acaba de firmar um acordo para adquirir a equipe de projetos da Box TI, empresa catarinense de tecnologia, em um modelo conhecido internacionalmente por ‘acqui-hiring’, um modelo de aquisição societária que tem como foco o aproveitamento de profissionais da empresa.

(Esse tipo de operação de M&A ainda é pouco praticado no Brasil, mas vem ganhando força por causa da alta demanda por profissionais de tecnologia. Em 2020, por exemplo, o Nubank comprou a Plataformatec via ‘acqui-hiring’.)

Agora voltando à história da Warren… A gestora, administradora e corretora gaúcha fechou um acordo com a Box TI para absorver a equpe de projetos da empresa, adicionando mais 30 desenvolvedores à sua equipe. O valor da transação não foi divulgado pelas companhias.

A expectativa é de ter uma equipe com 200 a 250 colaboradores em Santa Catarina. Ao mesmo tempo, o deal torna viável expandir o projeto de entrega de produtos e serviços de alta performance para outras localidades, como na região Sudeste — fora de São Paulo capital — e no Nordeste.

Para o sócio-fundador e CTO da Warren, André Gusmão, o Brasil possui muitos polos relevantes de tecnologia, mas sem muita visibilidade. Ele cita que já há movimentações em Joinville e Blumenau. Tanto que a plataforma abriu sua primeira sede em Blumenau.

Além disso, o acordo tem como objetivo auxiliar a empresa na formação de profissionais de tecnologia, a fim de contornar a dificuldade do mercado em encontrar mão de obra qualificada. A Warren, inclusive, prepara um projeto social de educação com foco na formação de desenvolvedores.

“Por mais que nosso produto seja bom, entendemos que, no fim das contas, quem faz isso são as pessoas. Acreditamos muito na formação delas, o que está diretamente ligado ao desafio de pouca mão-de-obra na área”, afirma André Eberhardt, diretor de engenharia da Warren.

Outras aquisições

A aquisição da Box TI é a terceira feita pela Warren, desde que anunciou, em abril de 2021, a rodada Série C de R$ 300 milhões, liderada pelo GIC, fundo soberano de Cingapura.

Em setembro, a fintech comprou a Renascença DTVM — dealer do Banco Central (BC) e do Tesouro Nacional. Pouco mais de um mês depois, a gestora anunciou uma união com o multi-family office Vitra, operação essa que permitiu à Warren alcançar os atuais R$ 20 bilhões sob gestão.

O plano da instituição fundada por Tito Gusmão é ser a “maior corretora do país no longo prazo”, como o próprio empreendedor disse ao Finsiders, em maio do ano passado, semanas após a divulgação da Série C. E tecnologia, por óbvio, é condição mandatória para o projeto não ficar apenas no papel.

Ao mesmo tempo em que reforça a equipe de tecnologia, a Warren também tem ampliado nos últimos anos a oferta de produtos aos clientes, incluindo câmbio, seguro de vida, educação, planejamento financeiro e off-shore. Com isso, passou a oferecer o que a empresa chama de “um ecossistema completo de wealth management” para os clientes.

Concorrência

Com o modelo 3.0, pautado no ‘fee based’ — em que se cobra um percentual baseado num percentual do volume investido pelos clientes –, a Warren (e outras fintechs, como a Magnetis) quer se diferenciar do 1.0 (modelo dos bancos) e 2.0 (supermercados de investimentos). No ano passado, a fintech colocou no ar até uma campanha publicitária para fazer mais barulho. “A gente precisa capturar a atenção das pessoas em 30 segundos”, disse Tito, ao Finsiders, na ocasião.

A tarefa não é trivial, dado o aumento da competição no mercado de investimentos. A XP, com R$ 815 bilhões sob custódia, começou o ano ‘on fire’, comprando 100% do Modal e uma fatia na Suno. E já sinalizou que vai acelerar as compras em 2022.

O principal competidor, o BTG Pactual, também vem se reforçando. No ano passado, vale lembrar, comprou Fator Corretora, Necton e Universa (dona de Empiricus, Vitreo, Real Valor, entre outras marcas).

Avaliado em US$ 43 bilhões, o Nubank é outro player que se arma para a disputa, com sua Nu Invest (antiga Easynvest). A lista de concorrentes não ligados a grandes bancos inclui, ainda, Genial, Toro, Órama, Guide, Magnetis e outros.

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