Depois de precatórios e consórcios, PeerBR quer tokenizar até CCBs

A PeerBR, fintech do grupo GCB especializada em ativos alternativos, nasceu como um braço da Adiante, fintech do grupo com foco em antecipação de recebíveis, e ganhou vida própria. A ideia inicial era negociar as notas fiscais originadas pela Adiante, mas o negócio evoluiu para uma plataforma de negociação de outros produtos, como precatórios, recebíveis judiciais, consórcios e criptomoedas.

“Estamos nos especializando em vender ativos não mobiliários”, diz Gustavo Carvalho Blasco, CEO do Grupo GCB, ao Finsiders.

Questionado sobre a regulação da atividade, o empreendedor diz que chegou a submeter o projeto no sandbox da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), mas não foi aprovado. “Não fomos selecionados, mas recebemos parecer favorável da CVM para operar porque não é oferta pública. Atuamos fora do núcleo da CVM.”

Na plataforma, que foi ao ar em maio de 2019, os investidores se cadastram e têm acesso a produtos ilíquidos, como recebíveis, cotas de consórcios, precatórios (federais e estaduais) e recebíveis judiciais.

Os ativos são tokenizados e cada unidade tem valor mínimo de R$ 10, com negociação feita em uma rede blockchain. A plataforma possui, ainda, um ambiente em que os usuários podem negociar entre si a compra e venda dos ativos, numa espécie de mercado secundário.

Na prateleira, estão disponíveis também 12 criptomoedas (Bitcoin, Ethereum, Matic, Cardano, Solana, entre outras), com planos de chegar a 30 nos próximos 45 dias.

“Em paralelo a isso, vamos empacotar diferentes ativos em um só produto. E também vamos ampliar a originação para a oferta de consórcios e precatórios”, revela Gustavo.

Gustavo Blasco, CEO do GCB e fundador da PeerBR (Divulgação)
Gustavo Blasco, CEO do GCB e fundador da PeerBR (Divulgação)

Outro plano, este para o segundo semestre, é tokenizar CCBs (Cédulas de Crédito Bancário). “Mas queremos ter um pouco mais de segurança para começar a fazer isso.”

Com cerca de 25 mil usuários cadastrados – sendo 2,4 mil recorrentes (com pelo menos uma operação por mês) –, a PeerBR já movimentou R$ 18 milhões nos diversos produtos, com a maior parte direcionada para as notas fiscais. O plano é chegar ao final do ano com movimentação de R$ 100 milhões/mês. A maioria (90%) dos investidores cadastrados investe tíquetes baixos, de até R$ 10 mil.

Para a originação das oportunidades de investimento, a fintech faz acordos com diversos players. Para os recebíveis, a originadora está dentro de casa, com a Adiante Recebíveis.

Em consórcios, a PeerBR tem parceria com a fintech Consorciei, que desenvolveu uma plataforma para facilitar o mercado secundário das cotas de consórcio. Em precatórios, as parcerias são com a PX Ativos Judiciais, especializada em compra de ativos judiciais, além de escritórios de advocacia.

Mercado

Com a evolução do mercado de investimentos nos últimos anos, surgiram diversas plataformas especializadas em ativos alternativos. A Hurst, por exemplo, é especializada em ativos reais, como precatórios federais e estaduais, royalties musicais, obras de arte, recebíveis, entre outros. Fundada em 2017, soma mais de R$ 1 bilhão originado e 10 mil investidores ativos, segundo informações em seu site.

Regulada pela CVM, a Bloxs, também criada em 2017, já captou R$ 107 milhões em sua plataforma, com operações em setores como agronegócio, energia, real estate e ativos judiciais. Nesse último segmento, inclusive, a fintech fundada por Felipe Souto comprou recentemente a BID Token, conforme noticiou o Finsiders.

A novata Ice Capital, por sua vez, aposta em operações com foco em projetos audiovisuais. Fundada em 2020, recebeu autorização da CVM em março do ano passado. Meses depois, lançou sua primeira oferta, captando R$ 175 mil com 19 investidores para o desenvolvimento de dois roteiros de Jotagá Crema, um dos roteiristas da primeira temporada da série “3%”, da Netflix. Agora, a Ice está com a segunda captação aberta.

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