Investimento em fintechs latinas cai 23% no primeiro semestre

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O “inverno” segue rigoroso para startups, inclusive fintechs. Setor mais representativo da América Latina em número de startups e volumes de captação, as fintechs tiveram queda nos investimentos tanto em junho quanto no acumulado do primeiro semestre.

De acordo com levantamento que acaba de ser divulgado pela Sling Hub, no mês passado 24 fintechs latinoamericanas captaram, juntas, US$ 258 milhões — o que representa 35% do total investido em startups no período. O volume direcionado para fintechs é 27% menor que o apurado em maio e 87% inferior ao montante registrado em junho de 2021.

No semestre, 119 fintechs na região receberam, somadas, US$ 3,1 bilhões, resultado 23% menor do que o captado no mesmo período do ano passado. Mesmo com o recuo, nos seis primeiros meses de 2022, as fintechs representaram 45% do volume de investimentos em startups latinas.

No total, em junho, as startups na América Latina levantaram US$ 734 milhões em um total de 103 rodadas de captação, no pior resultado desde fevereiro de 2021. A cifra é 76% menor na comparação anual e 10,5% inferior ante maio. Já no semestre, o volume de investimentos caiu 17% ano contra ano.

Maior mercado Latam, o Brasil é um dos mais que sofrem com a piora do cenário. De janeiro a junho, as startups brasileiras captaram US$ 3,7 bilhões, valor 32% menor em relação ao registrado em igual intervalo de 2021.

Mas para quem acha que o quadro é desesperador, aí vai um alento. Em junho, o montante investido (US$ 415 milhões em 69 rodadas) em startups brazucas não foi o pior mês do ano. O valor ficou acima dos US$ 363 milhões realizados em abril.

Ainda assim, na comparação ano contra ano, o volume de investimento nas startups brasileiras despencou 81%, passando de US$ 2,13 bilhões em junho/21 para junho/22.

M&A

A atividade de fusões e aquisições (M&A) envolvendo startups na América Latina também desacelerou em junho. Ao todo, foram 16 operações, 13 no Brasil. No mesmo mês do ano passado, esses números eram 25 (Latam) e 22 (Brasil), de acordo com a Sling Hub.

No ecossistema de fintechs, um dos destaques foi a compra do Kokpyt pela Toro Investimentos, do Santandernotícia publicada em primeira mão pelo Finsiders e depois confirmada pelo banco.

Otimismo com cautela

O momento é de cautela, mas com sinais positivos, na visão de alguns empreendedores e investidores. É a análise feita por Benjamin Gleason, ex-Guiabolso e hoje à frente da Kamino, e Alex Lazarow, VC global e investidor-anjo da startup.

“Existe um cenário de cautela, porém com sinais positivos: o mercado de Venture Capital tem muito ‘dry powder’ (capital disponível) e cada vez mais fundos dedicados à região, ao mesmo tempo que existem muitos problemas ‘reais’ em diversas áreas a serem ainda resolvidos que devem diminuir a concorrência por clientes e talentos”, escreve a dupla, em artigo exclusivo para o Finsiders.

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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