Investo capta R$ 40 milhões para popularizar ETFs no país

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Fernando Barbosa, para o Finsiders
Depois de receber um seed money de R$ 15 milhões para chegar ao mercado, em julho do ano passado, a gestora Investo lançou alguns ETFs para aumentar a exposição de brasileiros a segmentos pouco explorados por aqui, casos de cripto, games e 5G, além da renda fixa estrangeira. Foram 12 fundos em um ano.

Assim, a plataforma gestada na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, por Cauê Mançanares (ex-analista do Banco Central), Silvio Junqueira (ex-Rio Bravo) e Gabriel Lansac (ex-Rio Bravo, Genial e B3), soma, hoje, mais de 30 mil clientes ativos e R$ 200 milhões em ativos sob gestão. Algo notável, ainda mais considerando o pouco tempo de existência e o momento turbulento da economia global, com a guerra na Ucrânia e inflação disseminada.

Mas os sócios não querem parar por aí. A empresa está anunciando um novo seed round junto a investidores estrangeiros, entre eles a renomada gestora norte-americana VanEck Associates Corporation, no valor de US$ 8 milhões (cerca de R$ 40 milhões) para escalar seus produtos, fazer novas contratações, reforçar a temática de educação financeira e acrescentar mais fundos ao portfólio (embora em um ritmo menor do que o empregado até agora).

“Temos um modelo de negócios pronto, com produtos variados. Já conseguimos ajudar os clientes a montar uma carteira diversificada. Provamos que o negócio tem tração, especialmente em um momento desfavorável, em que os mercados brasileiro e internacional sofreram muito. Estamos achando um caminho que ressoa bem entre os investidores”, afirma o CEO Cauê Mançanares, em entrevista ao Finsiders.

Basicamente, a Investo aposta em ETFs temáticos, com cotas entre R$ 10 e R$ 100. Além dos já mencionados, conta com agronegócio, biotecnologia e real estate entre os produtos. A gestora cobra uma taxa de administração de 0,30% ao ano para os fundos de ações.

Para justificar a nova captação, o CEO lembra que boa parte dos investidores na bolsa são novatos, e que, por isso, há espaço para fazer mais. E ele tem razão.

Desde 2018, o número de investidores pessoas físicas na B3 registrou um avanço de impressionantes 544%, passando de 814 mil para os atuais 5,2 milhões. No caso dos ETFs, a quantidade de investidores saltou de 47 mil para 632 mil no mesmo período, quase 13x mais.

E Mançanares ressalta, ainda, que o volume total da indústria — que cresceu a uma taxa superior a 4x nos últimos quatro anos, para R$ 50 bilhões — deve chegar a R$ 500 bilhões em cinco anos. Portanto, a ideia da Investo é se posicionar de forma estratégica, para ocupar uma fração importante do segmento e expandir junto com o bolo.

“Nesse momento, a Investo tem um planejamento de longo prazo, está capitalizada e continua executando o seu plano. No final do dia, poderíamos ter crescido mais, porque teria mais gente investindo. Mas os investidores que estão atrás de enriquecimento rápido vão entrar e investir, e vão sair. Isso (a estratégia em curso) nos ajuda a ter por perto aquele cliente que entende, gosta e sabe o que está fazendo”, afirma Cauê.

A gestora espera encerrar o ano com 50 mil investidores e R$ 1 bilhão de ativos sob seu guarda-chuva. Para alcançar o objetivo, vai colocar à disposição da sua base já em setembro três ETFs que refletem ações da bolsa brasileira. Mas também tende a olhar mais para fundos de renda fixa no Brasil. No exterior, os alvos são ESG e aqueles que levem teses fatoriais — que têm como core a análise do DNA das empresas investidas.

O time deve dobrar o tamanho, para 14 pessoas, especialmente com nomes focados na gestão de risco, de relacionamento com investidores institucionais e de conteúdo internacional em research. Aliás, os sócios entendem que é preciso se aproximar das gestoras, family offices e fundos de pensão, uma vez que 95% dos investidores presentes são de varejo.

Na outra ponta, a empresa entende que é necessário dar mais visibilidade à marca e reforçar a educação financeira para os usuários.

“O próximo passo é pegar na mão do investidor e mostrar que a gente está do lado dele, com cursos online e presencial, para fazer dessa informação algo mais consumível”, diz o CEO.

“Muitas pessoas se perdem com 1 minuto de conversa sobre investimento. Por isso, é interessante começar por temas básicos. Não adianta trazer mais produtos se as pessoas ainda estão aprendendo a investir.”

Com esses movimentos, o número de ETFs na plataforma deve atingir a casa dos 20 nos próximos meses. No longo prazo, isso pode chegar a 25. A ideia é buscar mais produtos, mas com uma seleção ainda mais criteriosa, complementando as soluções já disponíveis.

“O patrimônio sob gestão é uma consequência do trabalho bem feito de se aproximar e oferecer soluções para o investidor. Trazendo ETFs do Brasil, conseguimos ter pessoas que não querem investir lá fora. Agora, é ver qual solução está faltando para o meu cliente.”

Competição

Não é só a Investo que está de olho no potencial dos ETFs. Em julho, o BTG Pactual e a BlackRock anunciaram o Fundo BlackRock FIA BDR e ETF. Voltado a investidores institucionais, o fundo é composto por BDRs lastreado em ETFs.

Em junho, foi a vez da Warren firmar uma parceria com a norte-americana Apex Fintech Solutions, para permitir a compra e venda de ações e ETFs negociados na Bolsa de Nova York (NYSE) e na Nasdaq.

Atualmente, são mais de 70 ETFs listados na B3. No ano passado, o segmento somou mais de R$ 50 bilhões em patrimônio líquido. Em 2022, até julho, o PL já totaliza R$ 39 bilhões.

Apesar do crescimento nos últimos meses, os ETFs representam menos de 1% da total (aproximadamente R$ 7,2 trilhões) da indústria de fundos no país, conforme dados da Anbima.

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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