PicPay passa de 70 milhões de usuários; prejuízo cresce

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O super app PicPay terminou o primeiro semestre deste ano com prejuízo de R$ 663,2 milhões, alta de 87,3% na comparação com igual período de 2021. Os dados constam das demonstrações financeiras obrigatórias, publicadas em 25 de agosto último.

Na primeira metade do ano, a fintech teve receita total de R$ 1,3 bilhão, mais de 3,5x superior ao apurado no mesmo intervalo de 2021. As receitas de intermediação financeira cresceram aproximadamente 4x, para R$ 849 milhões, enquanto as receitas de prestação de serviços saltaram mais de 3x, alcançando R$ 481,8 milhões ao final de junho.

A base de usuários registrados (isto é, que baixaram o aplicativo e criaram uma conta) chegou a 71,2 milhões no primeiro semestre, avanço de 29% na comparação anual.

A quantidade de usuários ativos mensais (aqueles que abriram o app ou com saldo em conta em junho de 2022) praticamente dobrou, chegando a 32,1 milhões ao final dos seis primeiros meses deste ano. Ainda assim, esse número não representa metade (45,1%) da base total de clientes.

O PicPay encerrou junho com um volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) de R$ 87,5 bilhões, alta de 177% em igual base de comparação.

“No primeiro semestre de 2022, seguimos a estratégia de diversificar cada vez mais o nosso portfólio de produtos e serviços, aumentando as oportunidades de cross-sell e, consequentemente, o faturamento da companhia”, diz o relatório da administração que acompanha o balanço.

Conforme mostra o site Fintechs Brasil, os vilões das despesas no primeiro semestre foram gastos maiores com pessoal e com propaganda e marketing.

O PicPay, porém, sustenta que trata-se apenas de efeito contábil: retirando eventos extraordinários, o prejuízo persiste, mas seria 25% menor (e não 88% maior) que o do mesmo período do ano passado.

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No relatório que acompanha as demonstrações financeiras, a companhia afirma que, como proprietária da marca “PicPay”, a J&F Participações custeou todas as despesas relacionadas a sua gestão, até setembro do ano passado.

“Como resultado da rescisão, as obrigações financeiras das partes, de acordo com o contrato de gestão e o contrato de venda da marca terminaram em 20 de setembro de 2021. Sendo assim, a PicPay passou a ser responsável por todas as despesas de promoção e desenvolvimento relacionadas à marca “PicPay” a partir deste período”, escreve a empresa no relatório.

A companhia prossegue: “Para fins de comparação, as despesas de marketing incorridas no primeiro de 2022 totalizaram R$ 410 milhões frente a R$ 512 milhões no primeiro semestre de 2021, uma redução de 20% ano contra ano.”

Em nota ao site Fintechs Brasil, o PicPay ressalta, ainda, que quando o prejuízo é comparado na mesma base, observa-se uma queda de cerca de 25% em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Mudanças

Ao mesmo tempo em que avança em sua estratégia para ser um super app, o PicPay recentemente se tornou banco múltiplo, usando a licença do antigo Banco Original do Agronegócio, conforme revelou em julho uma reportagem exclusiva do portal Fintechs Brasil em colaboração com o Finsiders.

Na prática, o PicPay passou a ter sob sua estrutura uma instituição financeira, denonimada PicPay Bank, além de sua própria instituição de pagamentos (IP) emissora de moeda eletrônica.

Na época, a companhia disse que, com a licença bancária, conseguiria destravar boa parte do valor depositado em conta para a operação. A fintech fechou o ano passado com R$ 6,4 bilhões em conta e em junho tinha R$ 8,4 bilhões.

Desde julho, o PicPay Bank começou a emitir CDBs para os usuários da fintech, com base nos saldos registrados em contas de pagamento pré-pagas. O total de depósitos migrados da PicPay para o PicPay Bank até 25 de agosto era de aproximadamente R$ 7,7 bilhões.

Mas, apesar dessa “migração”, o PicPay diz que “por enquanto”, nada muda na configuração das duas licenças, que vão operar em paralelo.

*Com Fintechs Brasil

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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