Quanto está apta a operar como iniciador e mira "ITP as a service"

Fintechs pré-lançamento até bancos S1 estão interessadas na tecnologia de iniciação de pagamentos da Quanto, diz fundador

A lista de iniciadores de transação de pagamentos (ITP) aptos a operar não para de crescer. Autorizada desde o fim do ano passado, a Quanto acaba de concluir os testes e homologações necessários e agora está pronta para atuar como ITP no Pix e no Open Finance. Com isso, a fintech se junta a um grupo que inclui grandes bancos como Banco do Brasil, BTG Pactual e Itaú Unibanco, além de outras fintechs como Celcoin, Gerencianet e Parati.

Figura criada como parte da fase 3 do Open Finance, na prática, o ITP é uma licença que permite, como o próprio nome já diz, iniciar uma transação de pagamento, a pedido do usuário e com seu prévio consentimento. Neste primeiro momento, o serviço opera via Pix, mas o cronograma de implementação do Open Finance prevê outros métodos de pagamento, como TED e DOC.

No caso da Quanto, o diferencial é que o iniciador de pagamentos é “puro”, ou seja, não opera como detentor de conta, explica Ricardo Taveira, CEO e fundador da empresa, em conversa com o Finsiders. Segundo ele, o ITP foi criado especialmente para trazer soluções tecnológicas que facilitem as movimentações financeiras pelo Open Finance.

“A nossa homologação como iniciador abre a possibilidade para nossos clientes construírem produtos que incluem, por exemplo, movimentação e cobrança, além de análise de dados”, diz o empreendedor. “Isso é crítico para mercados como o de crédito, no qual além de a Quanto já ajudar a tomar decisões melhores de concessão, agora conseguimos gerar valor ao longo do ciclo de vida do empréstimo, como cobrança e renegociação.”

A companhia diz que a novidade complementa as soluções de compartilhamento e inteligência de dados para Open Finance, que são o foco da Quanto. O ‘ITP as a service’ faz parte do roadmap futuro, informa a empresa. “Nosso foco é transformar o potencial do Open Finance em resultado de negócio para os nossos clientes – uma decisão assertiva de concessão de crédito ou uma experiência multibanco melhor para usuários – e esses produtos usam a iniciação como parte das soluções”, afirma Ricardo.

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Sem abrir nomes ou detalhes, o fundador diz que existe um “interesse claro” pela tecnologia de iniciação de pagamentos, incluindo desde fintechs pré-lançamento até bancos S1. “Trabalhamos hoje com beta-testers fechados com alguns desses interessados, já que a ampla adoção desse serviço depende da agenda evolutiva do Open Finance e do ecossistema como um todo.”

Ricardo Taveira, fundador e CEO da Quanto (Foto: Divulgação/Quanto)
Ricardo Taveira, fundador e CEO da Quanto (Foto: Divulgação/Quanto)

A Quanto não informa número e nomes de clientes, ao contrário de alguns dos seus principais competidores, como Belvo e Klavi, mas Ricardo diz que a empresa “nunca teve tanto cliente como neste momento”, citando que a plataforma da Quanto já gerou mais de 1 milhão de conexões via Open Finance. No portfólio, estão desde fintechs a bancos S1, cita Ricardo. O único divulgado pela empresa é o banco Bmg.

Fundada em 2017, a Quanto foi pioneira ao lançar, no ano seguinte, um internet banking multi-banco. Naquele ano, desenhou uma conta corrente 100% digital para pequenas e médias empresas (PME) em parceria com o Banco Rendimento. Hoje, a fintech fornece os “trilhos” para que bancos, fintechs e empresas possam competir para oferecer as melhores opções de serviços financeiros.

Em operação desde 2020, a empresa tem como investidores os dois maiores bancos privados do país, Itaú Unibanco e Bradesco. No captable, estão ainda os fundos Kaszek Ventures e Coatue. A última rodada de captação anunciada pela empresa foi há quase dois anos, quando levantou uma Série A de US$ 15 milhões liderada justamente pelos bancões.

Mercado

Especialistas e executivos do setor têm dito que a iniciação de pagamentos é um dos serviços mais promissores dentro do contexto do Open Finance e promete gerar inúmeras oportunidades, ampliando a competição e melhorando a experiência do consumidor na ponta. Um dos casos de uso mais comentados é o check-out no e-commerce, que tende a ficar muito simples e fluido com a figura do iniciador.

O Mercado Pago, por exemplo, já disponibiliza a funcionalidade para 100% da base de 10 milhões de vendedores. O Grupo FCamara, por sua vez, tem um acordo com o BTG e acaba de levar sua tecnologia para o grupo de atacado Vila Nova e para as plataformas de e-commerce VTEX e Magento.

Players como Celcoin — que também já está operando como ITP — e Transfeera lançaram em agosto APIs para iniciação de pagamentos. Outros nomes, como Belvo e Klavi, ainda aguardam aprovação do Banco Central para atuar como iniciador de transação de pagamento.

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