Belvo recebe licença e prevê entrar em pagamentos ainda este ano

Albert Morales, diretor-geral da Belvo no Brasil, já havia dito ao Finsiders em maio que a fintech aguardava a licença de iniciador

A Belvo, plataforma latinoamericana de APIs de Open Finance, acaba de receber autorização do Banco Central (BC) para atuar como instituição de pagamento (IP), na modalidade de iniciador de transação de pagamento (ITP). É o primeiro passo para que o serviço seja lançado, e a previsão é colocá-lo em operação ainda este ano, conforme diz Albert Morales, diretor-geral da empresa no Brasil, com exclusividade ao Finsiders.

Como já falamos em diversas matérias aqui no portal, o ITP é uma licença criada pelo regulador como parte da fase 3 do Open Finance. Na prática, essa figura permite iniciar uma transação de pagamento, a pedido do usuário e com seu consentimento. O serviço inicialmente funciona via Pix, mas o cronograma do Open Finance prevê outros métodos de pagamento, como TED e DOC.

No caso da Belvo, Albert já havia dito ao Finsiders em maio que estava na fila para receber a aprovação para o iniciador de pagamentos. Agora que a licença saiu, a fintech precisa realizar um conjunto de testes, homologações e cumprir as certificações necessárias para que o serviço se torne, de fato, operacional no âmbito do Open Finance.

“Como sabíamos que a licença poderia sair, já vínhamos nos preparando do ponto de vista de segurança, compliance e adequação de produto. Tem toda a parte regulatória, como fazer certificações, esteira de testes, mas já estamos com robustez”, conta Ana Luiza Martins Castro, líder de estratégia de Open Finance e Payments da Belvo no Brasil. “Temos um produto previamente desenvolvido e contato já com alguns clientes.”

Segundo Albert, o objetivo é ter a iniciação de pagamentos em produção até o fim do trimestre e estar operando ainda em 2022. “É ambicioso, porque depende de autorizações. Mas o mais complicado já passou. Do ponto de vista de segurança, já fizemos muita coisa”, destaca ele.

Albert Morales e Ana Luiza Martins, da Belvo (Foto: Divulgação/Belvo. Montagem: Finsiders)
Albert Morales e Ana Luiza Martins, da Belvo (Foto: Divulgação/Belvo. Montagem: Finsiders)

A ideia da Belvo é explorar diferentes casos de uso com a iniciação de pagamentos, muito além do check-out nos e-commerces. Os executivos dão como exemplos os pagamentos recorrentes, em lote e as transações no mundo das pessoas jurídicas (PJ). Outro caso é o cash-in em contas de corretoras de investimento, que muitas vezes ainda dependem de transferências via TED.

“Há diversos casos de uso que os clientes querem uma solução plug and play, com toda a jornada”, conta Ana. “Vamos fornecer toda a camada de UX [sigla em inglês para experiência do usuário], em conformidade com as guias definidas, e até o front-end”, complementa Albert.


Contexto

Fundada em 2019 pelos espanhóis Pablo Viguera e Uri Tintore, a Belvo chegou ao Brasil em 2020. A empresa tem um portfólio com mais de 200 empresas nos três países (Brasil, México e Colômbia) — 150 somente no Brasil. Na lista de clientes estão nomes como Mercado Livre, Tribanco, Rappi, Intuit, Mobills (do Santander), Conta Azul, entre outros.

Atualmente, a plataforma da Belvo tem conexão com mais de 60 instituições, incluindo grandes bancos como Banco do Brasil (BB), Bradesco, Itaú, bancos digitais como Nubank e Inter, além de players da gig economy, como Uber e Rappi.

No fim de agosto, a empresa anunciou um aporte (de valor não revelado) do Citi Ventures, braço de investimentos do Citi. Desde o início do negócio, a fintech já levantou US$ 56 milhões em rodadas de investimento. No captable estão investidores como Visa, Kaszek, Maya Capital, Future Positive, Kibo Ventures, FJ Labs, além de anjos como David Vélez (Nubank) e Sebastián Mejía (Rappi).

No México, a Belvo recebeu recentemente a licença regulatória Instituição de Fundos de Pagamento Eletrônico (IFPE), uma equivalente ao ITP brasileiro, para desenvolver o serviço de iniciação de pagamentos no país. Também trabalha para ter autorização semelhante na Colômbia, outro país onde opera. “A base já vem sendo construída. [A iniciação de pagamentos] não é algo que estamos começando do zero”, observa Albert.

Iniciação de pagamentos

O executivo lembra que a fintech vem participando nos grupos de trabalho do Open Finance no Brasil e reconhece que o serviço de iniciação de pagamentos precisa amadurecer. “Já conhecemos todas as brigas técnicas, o que funciona e o que não funciona. Ainda existem desafios técnicos de interoperabilidade”, exemplifica.

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Não à toa, é pequena a lista de instituições aptas a operar a iniciação de pagamentos no Open Finance. Conforme a última atualização da Estrutura de Governança, o grupo reúne atualmente 12 instituições, sendo Banco Mercantil do Brasil, Sicoob e Hub Pagamentos (do Magalu) os mais recentes. Bancos como Banco do Brasil (BB), BTG Pactual, Itaú Unibanco e Inter também estão aptos, assim como as fintechs Celcoin, Gerencianet, Parati e Quanto.

Em plena operação, o Mercado Pago é um caso à parte porque já disponibiliza a funcionalidade para 100% da base de 10 milhões de vendedores e liberou também o cash-in para todos os usuários do app, conforme revelou o Finsiders recentemente. No e-commerce, a ferramenta está liberada para 20% dos clientes do banco digital, que ainda planeja a expansão para a totalidade da base.

A Fintech Magalu está lançando sua iniciação de pagamentos no Kabum!, e-commerce de tecnologia e games adquirido no ano passado pelo Magalu. “Vamos fazer um piloto agora com uma base restrita do Kabum!, e depois a ideia é disponibilizar para toda a base”, contou Fabio Murakami, diretor de produtos PF e BaaS da Fintech Magalu, em entrevista exclusiva ao Finsiders há duas semanas.

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