Para avançar em IA e dados, B3 compra Neurotech

A B3 pagará R$ 620 milhões, em uma operação que pode chegar a R$ 1,14 bilhão com o pagamento de R$ 523 milhões em 'earn outs'

Em um novo movimento para avançar em inteligência artificial (IA) e big data, a B3 anunciou a compra de 100% da Neurotech, companhia de tecnologia especializada na criação de sistemas e soluções de IA, machine learning e big data.

A B3 pagará R$ 620 milhões, em uma operação que pode chegar a R$ 1,14 bilhão com o pagamento de R$ 523 milhões em ‘earn outs’, a depender do atingimento de determinadas metas de desempenho da Neurotech no período entre 2022 e 2026.

Em fato relevante, a B3 informou que os recursos para a aquisição são provenientes do caixa livre da companhia, sem alteração nas projeções de endividamento e payout divulgados em 11 de agosto deste ano.

Gilson Finkelsztain, CEO da B3, diz que o objetivo da transação é complementar a oferta de produtos de dados e soluções analíticas para o mercado, nas verticais de crédito, riscos e seguros. “A aquisição da Neurotech alavanca o potencial de crescimento do negócio de dados e analytics e fortalece nossa estratégia de diversificação, contribuindo para o crescimento além do negócio principal da Bolsa”, afirmou, em nota.

Em apresentação sobre o deal a analistas e investidores, o presidente da B3 informou que a Neurotech continuará independente. “Não há intenção de integração. Nosso objetivo é buscar sinergias de atuação entre Neurotech, B3 e Neoway, com potencial cross-selling de produtos e garantindo que bases de dados contribuem com desenvolvimento de produtos e melhoria dos atuais.”

Fundada em 2002 por mestres e doutores em ciência da computação, matemática e inteligência artificial, a Neurotech oferece soluções analíticas, apoiando decisões de clientes que necessitam da análise de grande quantidade de informações estruturadas e não estruturadas em gestão de crédito, redução de riscos, prevenção a fraudes, e vendas e marketing.

A empresa nasceu no Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e foi incubada no Centro de Estudos e Sistemas Avançados de Recife (CESAR). No total, a Neurotech tem mais de 320 funcionários e mais de 150 clientes, que atuam, majoritariamente, nos segmentos de crédito, varejo, seguros, financeiro e fintechs.

Para 2023, a projeção é atingir uma receita líquida entre R$ 120 e 150 milhões. Entre 2019 e 2022, a companhia teve uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 29%. Já a margem Ebtida estimada para o ano que vem é de 26%, com evolução anual de 33% entre 2019 e 2022, conforme apresentação sobre o deal.

Fonte: Apresentação/B3

Em comunicado, a B3 destacou que a aquisição é um importante impulsionador da estratégia da companhia no negócio de dados e analytics. Em outubro de 2021, a empresa anunciou a compra da Neoway por R$ 1,8 bilhão.

“A atuação integrada com Neurotech e Neoway traz oportunidades de sinergias em receita e expansão do mix de produtos, potencializando o desenvolvimento de soluções combinadas e de alto valor agregado, além de um aumento significativo da capilaridade de clientes”, disse a B3, no comunicado.

A operação entre B3 e Neurotech depende de aprovação em assembleia geral de acionistas — prevista para ocorrer ainda em dezembro — e também será submetida ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Outros movimentos

Movimentos inorgânicos têm sido uma estratégia importante da B3 nos últimos tempos. O mais recente foi a aquisição da Datastock, de tecnologia para gestão e integração de estoque em concessionárias de veículos novos e usados, por até R$ 80 milhões.

No ano passado, a B3 também fechou uma joint-venture com a Totvs, dando origem à Dimensa — uma empresa de tecnologia e infraestrutura para instituições financeiras –, que já fez quatro aquisições desde sua criação.

Já no ambiente de startups e inovação, a B3 colocou para rodar este ano um fundo de R$ 600 milhões para investir em companhias que tragam inovação ao ‘core business’ da B3, assim como em outros segmentos complementares, como os mercados de energia, carbono, DeFi (finanças descentralizadas), tokenização de ativos, soluções para fintechs, neobanks, crowdfunding, pagamentos, câmbio, entre outros.

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