Transfeera levanta R$ 7 milhões e quer competir com grandes players de BaaS

O aporte recebido pela Transfeera foi liderado por um fundo criado pela Honey Island Capital e 4UM Investimentos

A Transfeera vai acelerar o crescimento neste ano. Para isso, a fintech de gestão, pagamentos e recebimentos para empresas acaba de colocar no caixa R$ 7 milhões, fruto de uma nova rodada de investimentos que está sendo anunciada hoje (11). O aporte está longe de ter o tamanho de uma Série A, para a qual a startup vinha se preparando desde 2021, mas é o combustível necessário para a empresa potencializar sua expansão.

A captação foi calibrada conforme o contexto. “Fizemos alguns replanejamentos porque o custo do dinheiro mudou, o momento de mercado é outro”, reconhece Fernando Nunes, CEO e cofundador da Transfeera, em entrevista ao Finsiders. A opção por um cheque menor também está relacionada ao mote da fintech, que sempre teve “sonho grande, mas pés no chão”. Isso significa dizer que a injeção de recurso agora vem por oportunidade, e não por necessidade.

“Estamos no ponto de equilíbrio, atingimos o breakeven no segundo semestre do ano passado e já geramos caixa. Então, não estamos falando de ‘burn’”, afirma Fernando. “O aporte vem para aproveitarmos a oportunidade de crescer, sabendo do potencial de conectar empresas não financeiras ao mundo financeiro, e para reafirmarmos os laços com nossos acionistas”, diz o empreendedor, que passou a ocupar a cadeira de CEO recentemente.

A nova captação foi liderada pelo Honey Island by 4UM — fundo voltado para fintechs criado por Honey Island Capital e 4UM Investimentos — e teve a participação dos atuais investidores Bossanova, Opus, Goodz Capital e Curitiba Angels. O cheque chega mais de dois anos depois do seed money de R$ 3 milhões. A empresa também passou pelos programas Startup SC, do Sebrae-SC, e Scale-Up, da Endeavor, além de aceleração pela Visa.

Fundada em 2017, em Joinville (SC), a Transfeera oferece soluções de infraestrutura e tecnologia para processamento de pagamentos e validação de dados bancários. Em agosto de 2022, também colocou no ar uma API de iniciação de pagamentos, que promete reduzir em mais de 50% as etapas de pagamentos online.

Foco em tecnologia e produto

Com o aporte, no curto prazo a Transfeera vai aumentar as equipes de tecnologia, engenharia e produtos — só no primeiro trimestre, há dez vagas abertas nessas áreas —, assim como prevê recrutar em outras áreas, como compliance e PLD e customer experience. As contratações para posições estratégicas já começaram, inclusive. No fim do ano, a fintech anunciou a chegada de Gabriel Falk (ex-Ebanx) como VP de produto e Pâmella Hess (ex-Conta Azul) como head de pessoas. Hoje, a Transfeera tem 52 funcionários.

No médio e longo prazo, a empresa também quer aperfeiçoar a máquina de aquisição de clientes, aumentando os desembolsos em marketing e vendas, conta Fernando. “Estamos totalmente focados em pagamento instantâneo. Lançamos no ano passado o ‘ITP as a service’, e queremos nos aprofundar nisso. Acredito que o futuro é do ‘payment account to account’”, destaca o CEO.

Hoje, a fintech opera como instituição de pagamento (IP) não integrante do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), emissora de moeda eletrônica e atua como participante indireto do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) — fruto de conexão com o BTG, participante direto no sistema. A empresa ainda aguarda aprovação do Banco Central para atuar como IP regulada.

Com mais de 470 clientes, incluindo nomes como iFood, Vakinha, Aiqfome, Hotmart e Enjoei, a Transfeera movimentou R$ 12,8 bilhões no ano passado, o que significa um crescimento de 206% em relação a 2021. No primeiro semestre de 2022, a empresa faturou R$ 7 milhões, alta de 89% ante igual período de 2021 — os números consolidados de 2022 ainda não foram fechados, mas a expectativa era chegar a R$ 20 milhões.

Mercado competitivo

Os players que entregam soluções de banking as a service (BaaS) são os principais concorrentes da Transfeera. “Estamos caminhando para desafiar os grandes”, diz Fernando, que destaca como diferenciais a tecnologia de ponta e o time focado em eficiência. O tamanho do desafio, contudo, é equivalente ao sonho desenhado há quase seis anos.

Oportunidade não falta, com o interesse maior de empresas de diferentes setores em embutir produtos e serviços financeiros em suas plataformas. Conforme estudo recém-divulgado pela consultoria Deloitte, o chamado ‘embedded finance’ poderá gerar receita adicional de cerca de R$ 24 bilhões até 2026 para os setores de varejo, bens de consumo e outros serviços.

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