Sem surpresa: Investimento em fintechs brasileiras cai 44% em 2022

De acordo com o levantamento da Sling Hub, as fintechs no país captaram US$ 2,3 bilhões em 2022, contra US$ 4,1 bilhões no ano anterior

É, o ano não foi fácil. Em 2022, o investimento em fintechs latinoamericanas atingiu US$ 5,5 bilhões, uma queda de 31% ante o ano anterior. No Brasil, o tombo foi ainda maior: o volume de recursos captados caiu 44%, passando de US$ 4,1 bilhões para US$ 2,3 bilhões. Os dados constam de levantamento feito pela plataforma de inteligência de dados Sling Hub.

Claro que precisamos ver o copo meio cheio também. Apesar do recuo expressivo, as cifras registradas no mercado de fintechs em 2022 foram 2,5x superiores ao montante apurado em 2020, quando as fintechs latinas haviam captado US$ 2,2 bilhões.

No Brasil, os US$ 2,3 bilhões do ano passado ainda são o melhor o resultado quando comparado a 2018, 2019 e 2020 — só perdem, claro, para 2021 (US$ 4,1 bilhões) — veja gráficos abaixo.

Fonte: Sling Hub

Em quantidade de rodadas, a queda não foi tão acentuada. Em 2022, as fintechs latinas somaram 318 rounds, contra 356 no ano anterior. Por aqui, o número de deals foi de 153, ante as 202 apuradas em 2021 — o melhor ano de todos nesse quesito.

Startups

O resultado das fintechs já dá a cor de como foi o balanço de investimento em startups na região em 2022. Isso porque as fintechs responderam por 45% do total captado pelas empresas nascentes no ano. Conforme a Sling Hub, os aportes em startups caíram 35%, passando de US$ 18,4 bilhões para US$ 12 bilhões. No Brasil, foram US$ 5,2 bilhões em valores aportados – em 2021 o volume total foi de US$ 10,5 bilhões.

Como detalha o site parceiro Startups, analisando mais detalhadamente o relatório, é possível ver que a queda foi puxada principalmente pelas falta de rodadas mais altas. Por exemplo, se em 2021 o Brasil viu 47 rodadas em que startups levantaram quantias acima de US$ 50 milhões, em 2022 foram apenas 26. Na América Latina, rodadas com este montante caíram de 93 para 62.

Por outro lado, na faixa de US$ 1 milhão a US$ 5 milhões (seed e série A), as startups brasileiras e latinoamericanas não tiveram tanto do que reclamar no ano passado. No caso de aportes seed, o saldo geral foi até de crescimento. No Brasil foram 148 rodadas (ante 141 em 2021) e na América Latina foram 283 – em 2021 foram 238.

Quanto aos valores médios de rodadas, investimentos anjo e seed viram os valores aumentarem – no caso do seed, a média de aporte ficou em US$ 2 milhões no Brasil, um crescimento de mais de 50% sobre a média de US$ 1,3 milhão em 2021. As roddadas de venture debt também cresceram consideravelmente, saindo de uma média de US$ 11,4 milhões no Brasil, para US$ 57 milhões.

“Enquanto em 2021 a rodada média de todas as fases macro (exceto a série C) cresceu, em 2022 o cenário foi mais dividido. A dívida teve o maior aumento (2x) – especialmente no Brasil (5x) – seguido por pré-seed, equity crowdfunding e anjo (1,8x) e semente (1,5x). Os resultados de Série C foram estáveis, e as demais etapas todas encolheram, com os mais dramáticos resultados estando nas rodadas da série D+, um pouco acima da metade do que foi visto em 2021”, afirma a Sling Hub no relatório.

Unicórnios e M&A

De acordo com o levantamento da Sling Hub, dez startups latinas se tornaram unicórnios em 2022, menos da metade do que foi visto no ano anterior. As fintechs foram a maior parte dos seres míticos que surgiram no ano passado. Entre elas, as brasileiras Neon e Dock, além da mexicana Jeeves e a argentina Technisys.

No quesito fusões e aquisições (M&A), as fintechs lideraram a quantidade de deals, tanto na América Latina como um todo quanto no Brasil. Na região, foram 61 operações envolvendo startups do setor, um leve recuo ante as 64 apuradas em 2021. Já em terras brazucas, o levantamento identificou 49 M&As em 2022, contra 52 no ano anterior.

O número de M&As com startups latinas, de modo geral, passou de 343 em 2021 para 299 em 2022. Entretanto, o Brasil teve um aumento leve nesse tipo de transação, pulando de 229 para 236 M&As, puxado justamente pelas fintechs, em seguida pelas healthtechs e deep techs.

*Com informações do Startups.

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