Pronta para decolar: Fintech mineira Portão 3 capta R$ 19 milhões

Com o aporte, a fintech Portão 3 se prepara para ampliar a equipe e trilhar a expansão em direção a outros países na América Latina

A Portão 3 parece seguir à risca aquela ideia de que tempos de crise geram oportunidades. Fundada em março de 2020, a startup mineira começou sua trajetória com uma solução de gestão de viagens corporativas e, mesmo em plena pandemia, conseguiu crescer e desbravar novos segmentos. O negócio, então, evoluiu para uma plataforma que resolve as dores da área de contas a pagar de empresas tradicionais e startups.

Agora, a fintech se prepara para ampliar a equipe, adicionar novas verticais de negócio e trilhar a expansão em direção a outros países na América Latina. Para isso, acaba de levantar R$ 19 milhões em uma rodada seed liderada pelo Better Tomorrow Ventures (BTV), fundo norte-americano especializado em fintechs early-stage e que já aportou capital em empresas brasileiras como Divibank e Clubbi.

A primeira captação da Portão 3 teve a participação, ainda, de players como Endeavor Scale-Up, Fincapital, Pareto, Flexport e investidores-anjo, cujos nomes não foram revelados. Em 2021, a startup também participou do programa da Y Combinator e recebeu US$ 125 mil da aceleradora norte-americana.

Em meio ao cenário caótico para as startups, os empreendedores contam que conseguiram fechar o aporte rapidamente, até mesmo em razão dos números que o negócio vem apresentando desde que foi fundado. “Crescemos muito no último ano. Estamos na contramão do mercado”, diz a cofundadora Bianca Pereira que, antes da Portão 3, fundou duas startups, uma no setor de turismo e outra voltada para microempreendedores.

Quando fala sobre estar na contramão do mercado, a empreendedora se refere também ao plano de contratações, que ganhará impulso com o cheque recebido. Enquanto boa parte das fintechs faz demissões em massa, a Portão 3 quer mais do que triplicar a equipe — hoje com um time enxuto de 30 pessoas, a ideia é atingir cerca de 100 até o fim do ano. O foco é contratar principalmente para as áreas de produto, tecnologia e vendas.

Fernando Nery e Bianca Pereira, fundadores da Portão 3. Foto: Divulgação
Fernando Nery e Bianca Pereira, fundadores da Portão 3. Foto: Divulgação
Novos horizontes

Com mais de 600 clientes, a Portão 3 atende empresas de bens de consumo, tecnologia, serviços financeiros, saúde e indústrias em geral. Na carteira estão nomes como SulAmérica, CredPago, Junco, Bitso e 123 Milhas, entre outros. No ano passado, a fintech transacionou R$ 300 milhões e emitiu 1 milhão de cartões físicos e virtuais. A empresa não revela o faturamento, mas diz que vem crescendo 20% mês a mês e a expectativa é continuar nesse ritmo.

Com o aporte, um dos planos desenhados pela Portão 3 é carimbar o passaporte para outros países na América Latina. “Já temos clientes lá fora, como a Bitso [corretora de criptomoedas mexicana]”, informa Bianca. Apesar do projeto internacional, a fintech também reconhece que há um grande mercado a ser explorado em terras brazucas. “Temos um foco de ir também para algumas regiões e Estados do país”, reforça o cofundador Fernando Nery que, assim como Bianca, não é empreendedor de primeira viagem — ele cofundou a healthtech Vitta, vendida em 2020 à Stone.

O recurso captado também ajudará a Portão 3 a evoluir sua atuação para outros segmentos, entre eles, gestão de frotas, exemplifica o empreendedor. Hoje, as empresas conseguem controlar e gerir todo tipo de despesa corporativa, por exemplo, combustível, pedágio, alimentação e mensalidades de softwares. A fintech diz reduzir em até 33% o tempo gasto com os processos de gestão de pagamentos.

As transações são realizadas por meio de um cartão pré-pago (físico e virtual) bandeira Mastercard, com função crédito, que oferece as funcionalidades de múltiplos usuários, múltiplos cartões, orçamentos dinâmicos e dashboards para acompanhamento das transações em tempo real. A infraestrutura de pagamentos é feita pela parceira Swap, fintech que atua com banking as a service (BaaS).

Competição

Além da Portão 3, outras startups têm avançado sobre o mercado de despesas corporativas. Em julho do ano passado, a HRTech Flash, por exemplo, comprou a ExpenseOn, rebatizada posteriormente como Flash Expense. Também em 2022 o aplicativo de mobilidade Wappa e a fintech Expense Mobi se uniram para criar o Stuo, uma plataforma que já atende mais de 5 mil empresas e soma 1 milhão de usuários.

Os players que atuam com soluções de gestão de gastos corporativos incluem, ainda, nomes como VExpenses, Jeeves, Conta Simples, Onfly, Payfy e outros. A Cash.in também prepara sua entrada no segmento, conforme revelou ao Finsiders a cofundadora Nani Gordon, em setembro de 2022.

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