Zro Bank diversifica atuação e prevê movimentar R$ 10 bi com 'Pix as a service'

Lançada em agosto de 2022, a modalidade oferecida pelo Zro Bank para e-commerces e empresas de games já movimentou R$ 1 bilhão

O primeiro movimento foi a criação de uma solução de cripto as a service (CaaS). Em agosto do ano passado, também com foco em clientes institucionais, a fintech lançou a modalidade “Pix as a service”, que acaba de bater um volume transacionado de R$ 1 bilhão em 50 milhões de pagamentos. Neste ano, a expectativa é movimentar R$ 10 bilhões em mais de 500 milhões de transações, revela Edísio Pereira Neto, CEO do Zro Bank, com exclusividade ao Finsiders.

“Já temos mais de 20 parceiros, entre empresas brasileiras e estrangeiras, e esperamos incluir outros dez ao longo de fevereiro”, cita Edísio. As companhias que utilizam o serviço são e-commerces e varejistas, principalmente dos mercados de games e apostas esportivas.

No radar, estão negócios com alta volumetria e que precisam operar em hiperescala. “Por exemplo, tem um grupo dono de mais de dez shoppings que estamos integrando agora”, conta o fundador. Por questão de contrato, os nomes não foram revelados.

Na prática, o Zro criou uma API para automatizar o fluxo de cobrança via Pix. A tecnologia funciona como um gateway multibancos, integrando a própria API do banco digital e a de outros quatro bancos tradicionais — os nomes das instituições também não foram divulgados. Conforme explica Edísio, esse grupo de bancos oferece 100% de liquidez, 24 horas por dia, para que os clientes não tenham problemas durante os picos, que chegam a superar mais de 30 mil Pix por minuto.

No mercado de apostas esportivas, por exemplo, cada Pix operacionalizado pelo Zro tem um ticket médio de R$ 20. “Os mercados de apostas esportivas e de games tiveram enorme ascensão com a chegada do Pix, que facilitou o processo de enviar e receber reais pelo Brasil, antes realizado com cartão de crédito. Mas, ao mesmo tempo, veio o grande desafio para os bancos de ter estrutura tecnológica para suportar os milhões de pagamentos processados com confirmações em poucos segundos”, afirmou o empreendedor.

Na fila para se tornar uma instituição de pagamento (IP) regulada, o Zro opera como correspondente bancário do Banco Topázio. Para operações via Pix, a fintech atua como participante indireto no Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) e está conectada ao Topázio, participante direto no arranjo.

Cripto

A abertura de novas frentes de atuação não significa para o Zro abandonar o mercado cripto. Muito pelo contrário. A tese do banco digital, desenhada desde o início do negócio, é unir o mundo financeiro tradicional com aquele que opera usando blockchain. “Ambos utilizam a mesma tecnologia de banking 100% proprietária”, diz Edísio, acrescentando que o segmento de banco digital B2C virou um “oceano vermelho” tamanha a competição nos últimos anos.

Edísio Pereira Neto, CEO e cofundador do Zro Bank. Foto: Divulgação/Zro Bank
Edísio Pereira Neto, CEO e cofundador do Zro Bank. Foto: Divulgação/Zro Bank

“Gosto de pensar no Zro como uma casa de câmbio 100% digital, multimoeda, que está de olho no público viajante e investidor”, destaca o fundador, cuja origem é justamente é o mercado de câmbio. Em 2005, Edísio fundou a corretora Europa, que dez anos depois se uniu à B&T Corretora, formando o Grupo B&T — é ele que controla o Zro Bank.

O CEO conta que o Zro agora também atua como facilitador de pagamentos para empresas estrangeiras que desejam operar no Brasil, seguindo a regulamentação das eFX, com o objetivo de integrar cada vez mais o mercado cripto ao de games, com parcerias estratégicas voltadas para o mundo da tokenização.

Segundo Sérgio Massa, diretor de operações do Zro Bank, existem conversas avançadas com novos sites de apostas e desenvolvedores de games, e também com varejistas e e-commerces, que estão em procedimento de análise de cadastro para começar a operar. Dos parceiros atuais, três são internacionais e um já disponibiliza aos clientes finais pagamento em criptomoedas.

“Estamos oferecendo para todos esses players de games e apostas esportivas o pagamento via cripto. Agora que saiu a lei [que regulamenta as empresas desse mercado],é questão de tempo para essa indústria de games aceitar pagamento em bitcoin, por exemplo”, aponta Edísio, que também acaba de assumir a posição de vice-presidente do conselho da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto).

Contexto

Lançado em setembro de 2020, o aplicativo do Zro Bank oferece serviços bancários como conta digital gratuita, transferências via TED ou chat (para usuários do Telegram), cartão de débito bandeira Visa, pagamento de boletos, cashback em bitcoin, entre outras soluções. A fintech prevê colocar no ar no primeiro semestre sua conta internacional, um plano que foi adiado de 2022 para este ano. Hoje, o app soma 700 mil usuários.

Assim como no mercado cripto, o Zro enfrenta uma forte concorrência na oferta de serviços atrelados ao Pix. Conforme o Finsiders noticiou em primeira mão, o banco digital mineiro BS2, por exemplo, lançou recentemente a modalidade Pix Indireto. Já a catarinense Transfeeraque acabou de levantar R$ 7 milhões — se especializou no sistema de pagamentos instantâneos e movimentou R$ 12,8 bilhões em 2022.

No ano passado, o Pix movimentou R$ 10,9 trilhões, quantia que representa mais do que o dobro em relação ao volume transacionado em 2021, conforme dados do Banco Central (BC). Desde setembro de 2022, o sistema de pagamentos instantâneos tem registrado um volume financeiro mensal superior a R$ 1 trilhão.

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