Lina Open X recebe licença de ITP, negocia aporte e prevê mais do que dobrar base de clientes

A companhia, investida da RTM, está finalizando a segunda rodada de captação e deve anunciá-la ainda este ano, diz o CEO ao Finsiders

A Lina Open X, empresa de soluções de infraestrutura para o mundo Open, acaba de receber autorização do Banco Central (BC) para atuar como instituição de pagamento (IP), na modalidade de iniciador de transação de pagamento (ITP). É o primeiro passo, então, para que o serviço seja lançado pela infratech, o que deve ocorrer nos próximos meses. 

“Nós já temos toda a parte de certificação de segurança e softwares. Agora precisamos fazer o processo de onboarding e a homologação com quatro instituições”, explica ao Finsiders Alan Mareines, CEO da Lina. Ele assumiu a posição há cerca de cinco meses no lugar do também cofundador Márcio Castro, hoje presidente do conselho da empresa

Segundo ele, com o ITP, o objetivo é fomentar casos de negócios no ecossistema, por exemplo, ‘cash-in’ (depósito) em carteiras digitais, utilização de dados para políticas antifraude e identificação de padrões de consumo para personalização de produtos. Na prática, a iniciação de pagamentos encurta as etapas e elimina o “Pix copia e cola”. 

O fluxo das transações ainda vai melhorar com recursos como jornada sem redirecionamento e possibilidade de fazer pagamentos recorrentes. Aliás, essas evoluções motivaram a Lina a buscar a própria licença junto ao regulador. “Decidimos que precisávamos entrar nesse jogo quando percebemos alguns ‘business cases’ dentro do Open Finance, como Pix recorrente [Pix Automático, que será lançado no ano que vem pelo BC] e jornada sem redirecionamento”, conta Alan.

Rodada à vista

Em operação desde outubro de 2020, a Lina começou a ‘dar as caras’ mesmo em 2021. Em maio daquele ano, inclusive, os cofundadores Márcio Castro e Murilo Rabusky contaram ao Finsiders os primeiros passos do negócio, que na época tinha apenas quatro clientes. Atualmente, a infratech soma mais de 40 empresas no portfólio. A expectativa é mais do que dobrar esse número até o ano que vem, projeta o CEO. 

De acordo com o executivo, a carteira é distribuída praticamente 50/50 entre companhias do setor financeiro (instituições reguladas, em especial dos segmentos S3, S4 e S5) e do mercado de seguros (grandes seguradoras e insurtechs). Na carteira atual estão, por exemplo, Banco BRP, SulAmérica, HDI, Afinz e iugu, entre outros. 

Em agosto de 2022, a Lina recebeu um aporte de R$ 7,5 milhões da RTM, hub integrador do mercado financeiro que tem como acionistas a Anbima e a B3. Neste momento, a companhia está finalizando a segunda rodada de investimento, com previsão de anunciá-la ainda este ano, revela Alan, sem abrir detalhes. “O objetivo dessa rodada é justamente fomentar essa nossa curva de crescimento.”

Open Finance, Open Insurance e o que mais você imaginar…

Conforme diz o CEO, um dos principais diferenciais da Lina em relação a outras empresas que têm soluções de Open Finance é que a fintech mira em todo o ecossistema Open. Isso inclui não só o ambiente construído pelo BC, mas também o Open Insurance (iniciativa capitaneada pela Susep), o futuro Open Capital Market (projeto da CVM), além de outros movimentos nessa direção que extrapolam o ‘cercadinho’ do mundo financeiro. ‘Open Energy’ e ‘Open Health’ são exemplos.

“Nós oferecemos a caixa de ferramentas tecnológica que toda instituição precisa para adentrar ao mundo Open”, destaca Alan. “Em seguros, por exemplo, temos uma parceria de integração de tecnologia com a B3 para oferecer soluções para as seguradoras”, cita o CEO.

O Open Insurance, inclusive, é uma das grandes apostas da Lina para o ano que vem. Um dos motivos é o andamento do cronograma para a implementação do sistema que prevê para o ano que vem, entre outras novidades, o lançamento da chamada SPOC (Sociedade Processadora de Ordem do Cliente), prevista para a fase 3 e que substituiu a Sociedade Iniciadora de Serviços de Seguro (Siss) — uma espécie de “ITP” no contexto da indústria de seguros.

Jornada ‘seamless’

“A jornada de pagamentos em geral já é ‘seamless’ [suave, sem interrupções]. Quando olhamos para o mundo de seguros, isso não é verdade. A SPOC vai permitir, por exemplo, cotar seguros de forma digital e comunicar sinistros. Então, entendemos que temos um mar gigante para navegar quando a SPOC for lançada”, explica Alan.

O jovem CEO revela, ainda, o que vislumbra para o futuro. “Meu sonho é poder comprar um celular, pagando pelo Open Finance e já contratar um seguro via Open Insurance”. Resta saber quando essa cena se tornará realidade.

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