Na onda do Open Finance, a arma da Palenca é validar dados de renda — agora também de trabalhadores CLT

Em 2024, a fintech pretende ampliar a atuação para segmentos como MEIs e profissionais de venda direta

Em março do ano passado, a fintech mexicana Palenca desembarcou no Brasil com uma solução de validação dos recebimentos de trabalhadores da ‘gig economy’, como motoristas e entregadores de aplicativos. De lá pra cá, fechou novos contratos com bancos e fintechs e ampliou a atuação para outros segmentos, como profissionais com contrato de trabalho formal, a famosa CLT.

No primeiro trimestre de 2024, a empresa também pretende fazer conexões para validar renda de microempreendedores individuais (MEIs) e profissionais de venda direta, revela ao Finsiders Luiz Felipe Bolonhez, que lidera a operação da Palenca no Brasil. “Com essas duas novas integrações, nossa expectativa é passar de uma cobertura de 45 milhões de trabalhadores para 60 milhões”, diz o country manager.

O avanço da startup ocorre num momento em que as instituições financeiras de todos os portes correm para entregar produtos e serviços mais adequados e personalizados às necessidades dos usuários. Na prática, dados compartilhados via Open Finance e outras informações para além dos tradicionais birôs de crédito ajudam a construir um perfil mais “certeiro” sobre cada cliente. 

Foco

Ao contrário de outras fintechs com soluções de Open Finance, a Palenca enxerga na especialização em dados de emprego e renda o seu grande trunfo. “No Open Finance, tem muito dado para processar, o que é difícil. Nós estamos preocupados em validar a parte positiva do balanço, ou seja, o que é renda, salário, remuneração”, destaca Luiz Felipe. 

No caso dos trabalhadores formais, um contingente com mais de 44 milhões de pessoas no Brasil, o executivo explica que a Palenca recentemente se integrou à plataforma Gov.br. Dessa forma, a startup consegue “puxar” dados de emprego e renda diretamente da carteira de trabalho digital. Assim como ocorre no Open Finance, para uma empresa cliente da Palenca ter acesso aos dados, o usuário final precisa dar o consentimento. 

“Hoje o mercado valida renda de forma muito manual. Os birôs têm produtos que mostram uma renda estimada ou presumida. No nosso caso, a renda é sempre efetiva”, afirma Luiz Felipe. “Quando integramos a carteira de trabalho digital, dá para ver se a pessoa está empregada ou não, histórico profissional, contratos de trabalho, cargos e rendimento (líquido e bruto), entre outras informações.”

Evolução

Fundada em 2021 pelo mexicano José Carlos Aguiar, o Pepe, e o francês Pierre Delarroqua, a Palenca é fruto de um outro negócio da dupla ex-Uber. Eles montaram a Vech, fintech de crédito para motoristas e entregadores. Porém, se depararam com a dificuldade em verificar as receitas desse público. Foi, então, que resolveram pivotar o negócio para uma plataforma B2B2C, atuando na infraestrutura e sem atingir diretamente o consumidor final.

Atualmente, a Palenca atende cerca de 50 clientes em 8 países na América Latina, incluindo nomes como Rappi e Banco Falabella. No Brasil, a base ainda é pequena — são 8 clientes, entre eles, o banco digital Neon, uma fintech de crédito e um banco múltiplo. Neste momento, a Palenca tem também 10 provas de conceito (PoCs, na sigla em inglês) em andamento no país, conta Luiz Felipe. 

Desde o início do negócio, a startup levantou US$ 2,6 milhões, de acordo com o Crunchbase. A última, em janeiro de 2022, atraiu investidores como Gilgamesh Ventures e 500 Startups. Questionado sobre novas captações, inclusive para fortalecer a operação no Brasil, o executivo desconversa.

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