Aos 95 anos, Alfa quer fazer negócios com startups

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Criado em 1925, o Conglomerado Financeiro Alfa começou uma jornada de transformação digital nos últimos meses. A iniciativa mais recente é a criação de um programa inovação aberta, lançado oficialmente no último dia 9. À frente deste projeto está Francisco Perez, contratado em agosto como diretor de novos negócios do Alfa.

Investidor experiente, Perez cofundou a Inseed Investimentos (que se uniu à A5 e virou KPTL) e já havia ocupado a cadeira de diretor no Alfa entre 2006 e 2009. Agora a missão dele é liderar o Alfa Collab, nome dado ao programa de inovação aberta que acaba de ser gestado.

Nesta fase inicial, o projeto vai ter como foco startups mais maduras, do estágio de tração para cima, nas verticais de fintech, insurtech, retailtech e agtech, podendo expandir no futuro para outros setores que tenham afinidade com as demais áreas de atuação das empresas do conglomerado.

“Diferentemente de uma aceleradora tradicional, que privilegia transmissão de conhecimento, por exemplo, o Alfa Collab é vocacionado para a promoção e o desenvolvimento de negócios, de forma colaborativa com startups”, conta Francisco Perez, diretor de novos negócios do Alfa, em entrevista exclusiva à Finsiders.

Francisco Perez, diretor de novos negócios do Alfa (Crédito: Divulgação)

Duas startups já foram selecionadas: a FinPec, fintech especializada no segmento agropecuário, e Predify, plataforma que usa IA, machine learning e big data para otimizar precificação de produtos e serviços. Além de ambas, que já começaram projetos com o Alfa, atualmente estão em análise outras 14 empresas, a maior parte fintechs, insurtechs, mas também uma legaltech.

“Nosso modelo não é por batch, por chamada. Vai ser um programa com fluxo contínuo. Vamos estar sempre abertos a receber cadastros de startups. O que nós devemos fazer ao longo do tempo é chamadas específicas de determinados desafios.”

Segundo Perez, o Collab tem quatro grandes objetivos: promover ganho de produtividade, com foco em eficiência, para as empresas do conglomerado; aprimorar o portfólio, desenvolvendo novos produtos; atuar com novos modelos de negócios; e criar uma carteira de investimento em startups. “Vamos analisar se as startups serão interessantes para consumirmos o serviço ou também investir no negócio.”

Sobre como o Alfa fará aportes, o executivo diz que o conglomeardo não criou um fundo ou veículo específico para investir em startups, nem definiu um tamanho de alocação.

“A quantidade de alocação de capital será a necessária para que a gente consolide a transformação digital no conglomerado.”

Num horizonte de 12 meses, a meta inicial é selecionar pelo menos 10 startups para participar do programa, com duração de três a seis meses. “Com o dealflow que temos, a média é de uma por mês”, conta. A instituição está em contato frequente e proativo com o ecossistema, como os principais fundos de Venture Capital e hubs de inovação — pode, inclusive, fazer coinvestimentos com eles.

Às startups selecionadas será oferecido apoio no acesso ao mercado, com o objetivo de montar provas de conceitos (POCs), validações e integrar as soluções às plataformas de negócios e de clientes do conglomerado. “Para cada demanda, estamos montando mesas ágeis, que ficam aguardando startups com soluções adequadas.”

Com atuação principalmente nos segmentos de crédito a pessoas jurídicas e físicas, tesouraria, administração de recursos de terceiros, private banking, wealth management e M&A, o Conglomerado Financeiro Alfa tem debaixo do seu guarda-chuva o Banco Alfa, Banco Alfa de Investimento, Alfa Financeira, Alfa Leasing, Alfa Corretora, Alfa Seguradora e Alfa Previdência.

O conglomerado reúne, ainda, empresas de setores como hotelaria (Rede Transamérica de Hotéis), materiais de construção (C&C Casa e Construção), agropecuária e agroindústria (Agropalma), águas minerais (Águas Prata), alimentos (Sorvetes La Basque), cultural (Teatro Alfa), comunicações (Rede Transamérica de Rádio) e couro (Soubach).