Mercado Pago amplia disputa com bancos e outras fintechs

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Mercado Pago anunciou na semana passada um aporte de R$ 400 milhões feito pelo Goldman Sachs, valor que representa uma das maiores linhas do banco para uma fintech brasileira. Com o dinheiro, via FIDC, a fintech do Mercado Livre vai ampliar a capacidade de concessão de crédito para capital de giro a empreendedores, principalmente micro e pequenos negócios.

Não foi a primeira injeção de recursos do banco americano no marketplace argentino. Em dezembro do ano passado, o Goldman Sachs aportou US$ 125 milhões no Mercado Livre para concessão de empréstimos no México.

A oferta de crédito do Mercado Pago está disponível no Brasil, na Argentina e no México, países que já liberaram mais de US$ 1 bilhão em mais de 1,3 milhão de contratos de crédito de capital de giro para cerca de 600 mil vendedores.

Rodrigo Furiato, diretor de carteira digital do Mercado Pago (Crédito: Divulgação)
Rodrigo Furiato, diretor de carteira digital do Mercado Pago (Crédito: Divulgação)

Em abril, a fintech havia anunciado novas linhas de capital de giro no valor de R$ 600 milhões. Desde o início da operação de crédito, a empresa emprestou mais de R$ 2,4 bilhões, num total de mais de 1 milhão de contratos de crédito para 500 mil pequenas e médias empresas que vendem no Mercado Livre ou com soluções de pagamento do Mercado Pago.

Criado em 2004, o Mercado Pago quer “desengravatar as finanças” dos brasileiros, como mostra uma campanha de marketing lançada no último dia 18 pela empresa, de autoria da agência GUT. A aposta é no ecossistema do Mercado Livre, segundo me contou na semana passada Rodrigo Furiato, diretor de carteiras digitais do Mercado Pago, em entrevista para uma reportagem do Valor.

“Estamos criando um ecossistema completo de soluções. No final, acabamos competindo com todo mundo, desde bancos tradicionais quanto players mais novos, com origens mais parecidas com a nossa, seja do varejo, seja do mercado de fintechs.”

O recado é claro: a empresa quer concorrer de igual para igual com grandes bancos e fintechs já bem estabelecidas, como NubankNeon, entre outras. Operando hoje como instituição de pagamento (IP), o Mercado Pago deu entrada no Banco Central (BC) para se tornar uma instituição financeira. Em março, a empresa já havia recebido aval do BC para atuar como emissor de cartão de crédito.

Ao contrário da maior parte das novas empresas, o Mercado Pago tem uma base grande de clientes. Ao todo, o maior marketplace da América Latina soma 51,5 milhões de usuários ativos e mais de 11 milhões de vendedores, incluindo grandes marcas.

No segundo trimestre deste ano, o volume total de pagamentos na plataforma do Mercado Pago alcançou US$ 11,2 bilhões, um aumento ano contra ano de 72,1% em dólar e 142,1% em moeda constante. O montante total de transações saltou 122,9%. Já a base de pagadores ativos da carteira cresceu 109,3%, para 9,5 milhões ao final do segundo trimestre.

O avanço no setor financeiro tem se dado também por meio de parcerias. Em julho, o Mercado Livre fechou um acordo com o PayPal para integração de pagamentos no Brasil e México, com expectativa de atingir mais de 500 milhões de clientes na América Latina e ao redor do mundo.

Neste mês, o marketplace de veículos, imóveis e serviços, unidade de classificados da empresa, acertou uma parceria com Itaú Unibanco e Santander para ofertar financiamento de veículos na plataforma. Em julho, a OLX havia firmado uma parceria com o Bradesco para disponibilizar crédito imobiliário aos usuários do marketplace.

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